domingo, 29 de junho de 2008

Sabemos muito bem o valor dos símbolos na sociedade em que vivemos, a Cruz para os cristãos, a estrela de David para os Judeus... Até mesmo os escudos de nossos clubes favoritos de futebol. Por muito tempo a bandeira do PT (Partido dos Trabalhadores) era sinônimo de Ética, do bem, da luta por mais igualdade social. Há alguns dias ao sair de casa, num dia chuvoso, me deparei com uma cena inusitada: a bandeira do PT enrolada, jogada no lixo. Fiquei por alguns instantes observando e refletindo. Era uma imagem forte e significativa, a bandeira, vermelha, solitária, encharcada, no lixo.
Talvez o dono simplesmente tivesse comprado uma maior e mais nova e descartou a velha bandeira velha, mas o simbolismo era grande, visto o que ocorreu, nos últimos tempos, na política brasileira.
Tenho muitos amigos no PT (e espero continuar a ter) os quais admiro e respeito por acreditarem num sonho que para mim já morreu, fossilizado para sempre nos últimos escândalos .
Em junho de 2005, auge da tormenta iniciada pela metralhadora giratória de Roberto Jefferson (lembram-se dele?) em Brasília, como muitos, estava de “queixo caído” com a lama que se avolumava a olhos vistos, sem querer acreditar no que lia e ouvia. Fiquei sabendo que viria para Itapetininga um “grande cacique” do PT para a comemoração dos 25 anos de fundação do Diretório na cidade. Vislumbrei uma chance para assistir “in loco” a versão de uma grande autoridade do governo. Mas como os dirigentes máximos do partido estavam enrolados em Brasília tentando explicar quem era o tal de “Marcos Valério e Cia”, enviaram um senhor, bem educado e cordial, até então não muito conhecido, era o deputado federal Arlindo Chinaglia, hoje disputando a presidência da Câmara Federal (com chances de ganhar), cargo que é o segundo com direito na sucessão de LULA, não é pouca coisa.
Ao final do encontro, depois de belos discursos, pouco se falou sobre os escândalos que envolviam a capital Federal (de fato era um assunto muito chato ), ressaltou apenas que nada se tinha de concreto contra o governo e o partido. Um mês depois um assessor petista foi pego com 100 mil dólares na ...CUECA. Era a ponta do iceberg, o resto todos sabemos o que aconteceu. E como estamos no Brasil quase ninguém foi punido e outros “se acharam inocentados pelas urnas”, pois conseguiram se reeleger.
Algumas pessoas ligadas ao partido, tentando arrumar uma explicação saiam com esta:”No Brasil tem que jogar com as mesmas armas dos adversários, senão nunca se chega ao poder e muito menos se mantém nele”. Fiquei ainda mais desconcertado com esse tipo de resposta, pois as pessoas acreditavam no PT porque achavam o partido diferenciado justamente por isso, de não procurar o poder a qualquer custo, seja material ou moral. Sempre acreditei em partidos fortes (no plural, bem enfatizado), com projetos concretos, soluções viáveis. Podemos criticar os EUA (e eles merecem tais críticas) por muitas coisas, mas lá se sabe muito bem o que significa votar no Partido Republicano ou no Partido Democrata.
As pessoas sérias (e são muitas) que ainda estão no PT precisam perceber que os culpados por isso tudo não são os outros partidos, nem as elites (muitos até adoram o Lula), nem a imprensa. É preciso aceitar as criticas e tentar reconstruir pelo menos o que sobrou do projeto inicial e ajudar verdadeiramente o país.
A bandeira do PT e o Brasil merecem mais respeito.

Artigo publicado no Jornal Tribuna de Guareí em janeiro/2007

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Sou professor de história, adoro o Brasil, mas para realmente nos tornarmos uma Nação de Primeiro Mundo precisamos cuidar da saúde e educação da população. Melhorar o nível da classe política é fundamental. O esporte faz parte dessas questões como componente educacional, social e de qualidade de vida.
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Neste espaço pretendo colocar algumas opiniões a respeito de política, cidadania, educação, meio ambiente, enfim vou procurar abordar diversos assuntos, mas sempre de modo respeitoso com as opiniões contrárias, afinal a essência da democracia é a participação de todas as correntes de ideias, como já dizia Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."

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